domingo, 23 de novembro de 2014

One-Shot: Você.

Para Beru-chii, feliz aniversário atrasado minha linda.





Você.

Bem, eu nunca fui muito boa com cartas ou ao menos contar uma história, mas dessa vez irei me esforçar ao máximo. Então vamos começar do início.

Você, você chegou como o nascer do sol, calmo, clareando minha vida aos poucos, mas quando chegou ao seu ápice, iluminou todo o meu céu.

Num dia normal, numa visita ao parque, nem lembro como ou quando, mas você já havia virado meu amigo.

O que posso fazer? Você sempre foi muito sociável.

Um dia... Essa informação é realmente muito importante, porque foi em Um Dia que nós viramos amigos, foi em Um Dia que você me fez ver o mundo de uma forma diferente, foi em Um Dia que nós discutimos, foi em Um Dia que você me ligou pedindo ajuda... E foi em Um Dia que eu descobri estar completamente apaixonada por você.

O engraçado devia ser o fato que conseguia ser mais amiga de você, a outras pessoas com quem tinha mais contato, era quase como se tudo já estivesse preparado, só me esperando, só esperando nos esperando.

Era tudo tão... Diferente... Por mais que eu demonstrasse que não queria nem ao menos falar com você, você continuava, parecia que isso só te incentivava mais.

E eu, eu me lembro de cada conversa nossa, me lembro de cada momento, de cada olhar, cada passo, de tudo. Até desde o início...

— Eu não entendo, por mais que eu fale que não quero te ouvir, você continua a falar comigo... — desabafei. — Afinal, o que te faz pensar que quero ser sua amiga? — ele sorriu, pra logo depois me responder:

— Você está aqui... Isso já demonstra que quer minha companhia, se não quisesse, não iria vir comigo. — o olhei surpresa, ele então sorri pra mim e continua, zombeteiro. — Viu só como estou certo?

— Hmpf.

Ah, como você estava certo, o que me dava mais raiva era isso, você quase sempre estava certo. Era simplesmente incrível como alguém me conhecia tão bem, pena que não foi bem o suficiente.

Esse fato sempre me fazia remoer “e o que eu sei sobre você?”, eu sabia que você mordia sua bochecha por dentro quando estava nervoso, eu sabia que você batia o pé no chão quando tentava se lembrar de alguma coisa, eu sabia que quando você tinha uma ideia nova – que na maioria das vezes era louca – arregalava os olhos e ficava com um sorriso impossível de se fechar.

Eu sabia tanto e ao mesmo tempo nada e, isso com certeza me desanimava. Por que eu tinha que saber de um fato importante, talvez um dos mais importantes de todos: Você também amava alguém... Assim como eu te amava, você também amava alguém, você também tinha uma vida longe do nosso mundo, daquele mundo que nós criávamos longe de tudo e de todos, com barreiras enormes que só podiam ser desfeitas com o horário muito tarde.

Eu tinha ficado tanto tempo dentro daquele mundo que fui esquecendo que, assim como eu, você também tinha uma vida lá fora e, que chegaria o dia que você a traria para o nosso mundo, para a nossa barreira.

Estava terminando de tomar meu milk-shake, mais uma vez, você conseguiu me tirar de casa para fazer “alguma coisa mais social”, mas agora havia sido diferente, você estava com um Q de empolgação a mais, ou eu que estava mais desanimada do que o normal.

—... Ela é realmente linda. — ouvi sua voz fazer um elogio a alguém indeterminado. Arquei a sobrancelha, e olhei para os lados a procura da pessoa que recebeu o gracejo, sem resultado.

— Quem? — indaguei tirando a boca do canudinho, visto que só havíamos nós e o atendente na sorveteria. “Quem vai a sorveteria no dia 12 de agosto, sentindo esse frio?” eu havia feito a pergunta, mais do que óbvia, “ué... Nós” ele me respondeu mais óbvio ainda.

— Você sabe... Ela... — respondeu meio bobo, com um olhar perdido.

— Não, não sei quem é, além de achar pouco provável que seja a atendente. — ele riu, não é como se isso não fosse normal, mas ele riu de um jeito tão... Diferente.

— Quando você se apaixonar, também irá acha-lo lindo. — me explicou. O olhei espantada, com os olhos arregalados, então a compreensão veio.
Ele estava apaixonado...

A frase que você havia me dito ficou rondando minha cabeça por dia e mais dias.

Quando você se apaixonar, também irá acha-lo lindo.”

Eu já havia me apaixonado... Eu já o achava lindo... Era por você quem eu estava apaixonada... Era você quem eu achava lindo, não só lindo, incrível, engraçado, divertido, bom, e mais uma penca de adjetivos.

Mas como sempre a compreensão só me veio tarde, então o que era “nosso mundo” virou “o mundo dela”, aquele podia ter sido a primeira citação, mas com certeza não tinha sido a última.

Tudo mudou de uma hora pra outra... Aquele olhar determinado, alegre e animado que eu costumava ver em você, foi sendo substituído por um mole, encantado, apaixonado, diversas vezes me perguntei se também te olhava assim, era claro... que não.

Então eu a conheci, a garota que conseguiu invadir nossa barreira, era quase que impossível você não se apaixonar por ela, se existisse um lado oposto meu, com certeza seria ela, animação, vivacidade, entusiasmo, ânimo e outros diversos sinônimos a caracterizavam e me deixavam diferente dela.

Ela era a pessoa perfeita pra você, ela era você só que na versão feminina, mas assim como você ela também tinha sentimentos por outro, mas ao contrário de mim ou até mesmo de você, os sentimentos dela tinham recíproca, e logo, dessa recíproca veio um lindo casal.

E quando essa notícia veio até mim, eu quase deixei um sorriso irônico escapar, mas consegui o segurar, pena que minha língua pensava de forma diferente e, a todo momento eu fazia uma referência ao novo casalzinho, sarcástica claro. Então daí veio nossa primeira discussão e com essa discussão Um Dia sem te ver, não falei que Um Dia seria importante pra história?

Então em outro Um Dia, no qual nós ainda não estávamos nos falando, veio a ligação, um telefonema completamente diferente de todos os outros que você já havia me dado, um pedido de ajuda.

Um desesperado pedido de ajuda, no qual tive que sair correndo de casa sem conseguir dar uma boa explicação para os meus pais, que sabiam da nossa grande amizade.

Bem... Vejamos, quando se tem 18 anos e acabou de tirar sua carteira de motorista, as coisas ficam um pouco mais difíceis, essas coisas podem ser classificadas como: correr até sua casa no meio da noite numa cidade movimentada, força seu cérebro de lembrar como se chega lá e ao mesmo tempo se concentrar no trânsito e ter um cuidado maior para não passar num farol vermelho, assim não tendo risco de ganhar uma multa e ficar sem carro.

Mas, por sorte consegui fazer essas quatro coisas e chegar na sua casa, que para minha surpresa estava aberta, mas a surpresas não pararam por aí, tive outras como:
Te encontrar ao lado do telefone, largado no sofá, com um rosto de quem tinha chorado muito, com uma expressão melancólica e dolorosa no rosto, rodeado por vômito.

Ver que você estava morando sozinho e em vez de ligar para uma ambulância, havia ligado pra mim.

E por último mas não menos importante, eu tinha alguma coisa na minha cabeça falando que isso havia acontecido por causa dela, e mesmo que eu quisesse apagar essa hipótese da minha cabeça, eu não conseguia, e isso era uma das coisas que mais me dava raiva.

Mas todas essas questões que se formaram na minha cabeça foram afastadas quando eu ouvi sua voz.

—M-me ajuda... Por favor... — uma súplica arrastada, com uma voz um tanto fraca. 

Naquela vez eu tive uma certeza na minha vida “Nunca mais eu queria ouvir sua voz daquele jeito novamente”, e eu rezaria para que aquilo nunca mais ocorresse.

Então com todo esforço que tive consegui te colocar no banco de trás do carro e correr para o hospital, aguentei o cheiro de vômito que estava me dando náuseas, aguentei e segurei com toda a força as lágrimas que queriam cair, aguentei a enorme vontade de gritar e te perguntar o porquê de você estar assim.... Eu aguentei tudo.

Depois de te levarem numa maca para uma sala no pronto socorro, eu liguei para os meus pais, depois para os seus, os dois vieram correndo pro hospital, no qual nós passamos a noite esperando notícias suas, sua mãe a todo momento me agradecia e eu a falava que não precisava.

Até no outro dia o médico nos liberar para ir te ver, eu ir vê-lo antes de todos, uma serventia que seus pais abriram mão para mim, então assim que você me olhou pela janela do quarto eu pude ver.... Eu pude ver em você aqueles olhos novamente, aqueles olhos que você mostrava para ela, agora eles estavam na minha direção, então depois ouvir aquelas mesmas palavras só que agora para mim.

—...Você é realmente linda...— então foi minha vez de sorrir, havia sido tão diferente de quando você se referiu a ela...

Pena que é um pouco tarde para você reparar nisso não é? — indaguei com um meio sorriso triste, então as lágrimas voltaram, mas dessa vez eu havia as seguradas mais firme ainda.

Eu não te disse? Quando você se apaixonar também irá acha-lo lindo... Acho que isso serviu mais pra mim do que pra você não é? — me perguntou com um sorriso triste.

É... — o respondi.

No final eu fui como sua lua, surgindo calma, brilhante num céu escuro, que na noite sempre te fazia companhia pra você não se sentir sozinho, mas assim como a lua precisa do sol para ser iluminada, eu precisava de você para me iluminar.

Assim como foi o meu “Um Dia” eu fui o seu “Um Dia”, mas como todo Um Dia tem que acabar, assim como todo sol tem que se pôr, você se foi.
Mas com certeza deixou uma enorme marca em mim.

Bem... Eu nunca fui muito boa com cartas ou ao menos contar uma história, mas dessa vez eu me esforcei ao máximo. Então vamos finalizar com um fim.

Você, você chegou como o nascer do sol, calmo, clareando minha vida aos poucos, mas quando chegou ao seu ápice, iluminou todo o meu céu.


Você, você se foi como um pôr do sol, rápido, escurecendo minha vida aos poucos, mas quando crepúsculo veio, deu a chance da lua iluminar o meu céu.

2 comentários:

  1. Oi, gatinha.

    Vamos pelo enredo primeiro: ficou bem montado como um todo, foi suave e também dramático enquanto coexistiu, porque cada pedaço dele dava indício de um momento, mas acho que você poderia ter alargado um pouco mais explicar mais sobre os sentimentos dela, mesmo que ela pareça do tipo que não se abre muito.

    Ela teve uma perda, então, isso era algo importante e significativo ao ponto dela fazer uma carta/ contar a história e gostei da relação do mundo sendo uma ideia metafórica da união de duas pessoas, ficou ótimo.

    Escrita: você escreve bem e usa ótimas metáforas, mas algumas partes - provavelmente porque a mocinha escreveu de madrugada - ficaram confusas e com utilização verbal e de conectivos estranhos, dá uma revisadinha. Aliás, revise também as vírgulas, gatinha.

    Em geral: ficou muito bom. Dramático e impactante. Parabéns. <3

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    1. Oi, Tea.

      Vamos pela sua opinião sobre meu enredo primeiro: Obregada pelo elogio, suavidade e dramatismo, consegui chegar a onde queria. A parte de alargar os sentimentos dela, eu também reparei nisso depois de ler, ela é sim do tipo que não se abre muito, mas é que eu queria alguma coisa curtinha, além do que, eu não sabia expressar os sentimentos dela de outra forma.

      Essa parte dela escrever uma carta/ contar a história, realmente me ficou bom, não consegui imaginar outra coisa pra essa One. A parte dos mundos eu fiquei meio insegura, mas sei que no final foi uma ótema ideia.

      Obregada por elogiar minha escrita, cara, se você soubesse como isso me deixou feliz! Essas algumas partes, foram sim, pelo fato de ter escrito de madrugada (assim como também estou respondendo seu comentário de madrugada). Mas a criatividade só me aparece de madrugada (culpa da insônia), se eu não digitar na hora, não consigo depois.

      OBREGADA TEA CAMIH! Sério, sua opinião é realmente importante pra mim, estou treinando meu lado dramático, saber que tenho futuro é muito bom, espero que tenha conseguido atingir seus sentimentos. A Beru-chii (a garota para quem fiz a one), disse ter chorado. >.<

      Beijos, da Tea Yas. Até a próxima minha purpurina.

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